segunda-feira, 15 de novembro de 2010

CHUVA E SOL

CHUVA E  SOL
Augusto C. de Lima

Chuva e sol
E o vento pra entreter
Molhando a terra firme
O cheiro me lembra você

Luz do sol
No tempo a se perder
Aquece o peito frio
De saudades de você

Eu bem me lembro das histórias que contavam  na T.V
Mocinhas da cidade sem ter muito o que fazer
De certo que eu notei aquele brilho em teu olhar
Mas não imaginava que lá era o seu lugar

Chuva e sol
E o vento pra entreter
Molhando a terra firme
O cheiro me lembra você

Luz do sol
No tempo a se perder
Aquece o peito frio
De saudades de você

Depois do sol se pôr
antes do sol raiar
antes que o amor então de outrora pudesse argumentar
Eu vi você partir sem jura de voltar
Deixando só meu peito em luto, a chuva e o sol pra te lembrar


Chuva e sol
E o vento pra entreter
Molhando a terra firme
O cheiro me lembra você

Luz do sol
No tempo a se perder
Aquece o peito frio
De saudades de você

A dor aperta bem mais forte quando chega o entardecer
Na hora que eu voltava do roçado pra te ver
A gente misturava nossos dias no jantar
Depois se abraçava namorando ao luar


Chuva e sol
E o vento pra entreter
Molhando a terra firme
O cheiro me lembra você

Luz do sol
No tempo a se perder
Aquece o peito frio
De saudades de você




Volta pra cá meu bem, que eu prometo te dar
Em dobro essa felicidade que ‘cê foi buscar
Na roça tem também um mundo a se sonhar
Não se abandona um grande amor pra ser mais um n’outro lugar

Chuva e sol
E o vento pra entreter
Molhando a terra firme
O cheiro me lembra você

Luz do sol
No tempo a se perder
Aquece o peito frio
De saudades de você











domingo, 14 de novembro de 2010

Madrugada...

MADRUGADA
Augusto C. de Lima

Procuro um nada pra fazer
Carrego o corpo em má postura
Tela clara em noite escura
Madrugada sem querer
Tanto tempo em frente a tela
Ouso até bem escrever
Mas o verso não se explica
Tão dificil sem você

Tão dificil sem você
Tão dificil com você
Que me inibe a vestimenta
De poeta  de fuinha
Não por causa própria
Mas por causa minha
Pura vaidade
Que tira a liberdade
De dizer que faz bem

A fome se anuncia
O verso não se forma
A mente se desfoca
O vulgo bom se torna
E me entrego a ousadia
Da verborragia
Inofensiva
Apenas pra quem lê
Só a mim que desafia
A arrancar o seu porquê

Dorme ao lado feito anjo
Se faz demônio ao roncar
Dois em um é raridade
Que sorte que fui dar!
A maioria se diz vários
Mas é um, e olhe lá
Silêêêêncio
Algum bêbado na rua
Será que tem segredos?
Ou tem a alma nua?
Muito homem que se afirma
Não é bem o que se chama
De frente repara seios
de costas é dama

Muda de posição
a fome de pouca aumenta
estalo os dedos da mão
dedilho pelo teclado
procurando meu final
sem nem ter iniciado
esqueço os primeiros versos
fome, fome, fome
por hora achei o porquê
engoli meias palavras
na falta do que comer
vou partindo desta tela
Pra fazer a digestão
Alguém me chama acolá,
morfeu
a me esperar no colchão.

POR ONDE ANDA




POR ONDE ANDA
Augusto C. de Lima

Até pensei em te dizer
Mas não quis te machucar
Não fui eu quem errou  com você
O sentimento por si só podia se explicar

Eu tentei ao seu lado tudo o que  podia pra durar
Mas fingir que é amor já não basta pra quem busca alguém pra amar


Por onde anda o sentimento que me une a você?
REFRÃO                                                                Já cansei de procurar
Quando nunca se possui não se chega a perder
Não me culpe por não te amar
(2x)

Sempre é triste uma história acabar
Mas acredite, essa dor vai passar
Não faça deste fim seu grande final
Pois o que a vida reserva é bem mais que paixão,
Ninguém comanda os desejos do meu coração

Eu tentei ao seu lado tudo o que  podia pra durar
Mas fingir que é amor já não basta pra quem procura alguém pra amar


Por onde anda o sentimento que me une a você?
REFRÃO                                                                      Já cansei de procurar
Quando nunca se possui não se chega a perder
Não me culpe por não te amar
 (2x)

Somos jovens demais pra entender
Mas o tempo vai nos ensinar
Que o amor quando é pra valer
É bem mais do que juntos pudemos chegar


Por onde anda o sentimento que me une a você?
REFRÃO                                                                  Já cansei de procurar
Quando nunca se possui não se chega a perder
Não me culpe por não te amar
(2x)

sábado, 13 de novembro de 2010

FLOR DE LARANJEIRA

FLOR DE LARANJEIRA
Augusto C. de Lima



Linda flor de laranjeira
enxergo-te além do quintal
Enxergo em ti bela donzela
Perfumando o vento,
Que tal?!

Lembra efeito de cachaça
Mas é lida de poeta
Mergulhar em água rasa
Tirar o amor da linha reta

Ver em flor de laranjeira
Seu amor que não será
Da dor fazer brincadeira
Pôr beleza onde não há

Pois sem flor vive o poeta
sem donzela e outros tais
Mas pensar como se espera
É morte certa
sem paz

Linda flor de laranjeira
enxergo-te além do quintal
Enxergo em ti bela donzela
 Perfumando o vento,
Que tal?!

Linda flor de laranjeira
Belo verso em meu quintal
És mais linda por meus olhos
Mais profunda que o real

Bela flor de laranjeira
Ser mulher não faz teu mal
Pois as vistas do poeta
tornas-te objeto imortal

Mas por lembrar-me da donzela
Que me agride o coração
Linda flor de laranjeira
Condeno-te a  tristesa em versos
Sem perdão

Linda flor de laranjeira
enxergo-te além do quintal
Enxergo em ti bela donzela
Perfumando o vento,
Que tal?!


















terça-feira, 9 de novembro de 2010

Flor de ir embora

Despedida
           " Era uma noite como qualquer outra no Sertão. Jessé e sua esposa dormiam o sono dos justos. Um sono tranqüilo, daquele que prevalece lá pelas tantas da madrugada, quase de manhãzinha, quando o espírito esta limpo de qualquer preocupação ou angústia.  Jessé adormeceu pensando no dia seguinte. Vislumbrando os lucros com a próxima colheita, imaginando o que começar a plantar depois. Algo inimaginável há algum tempo, quando ainda não havia muito bem o que comer e todo sonho só era possível com os dois pés fora do chão.  A partir da chegada de um estranho, as soluções para um nova vida pareceram não tão distantes e as alternativas pareceram mais criativas, longe de tudo que já fora conhecido antes.  Rafael chegou do nada, e trouxe para Jessé e sua família algo que antes nunca imaginaram conseguir sozinhos.  A vida nunca foi a mesma desde então.  Rafael estimulava, encontrava e induzia a soluções.  Tinha um espírito engajado, dedicado, cuidadoso.  Conseguia transmitir muitos sentimentos com o olhar, e com o olhar despertava a alma dos outros para a vida.   Tudo se acendia aos olhos do estranho, e sua presença não permitia sofrimento ou apatia.
             Jessé dormia e sonhava com seu sítio, em o que foi um dia e em tudo que é agora, e em meio aos prazeres do sonho, foi acordado pelos altos barulhos do quintal.  Ao sair do transe do sono, pode identificar o barulho dos cães latindo na porteira do sítio.  Olhou para o lado e Milu, sua esposa, dormia sem se importar com a bagunça.  Levantou-se meio zonzo, olhou pela janela e viu alguém atravessando o caminho que leva do sítio a estradinha, e logo lhe passou pela cabeça que podia ser algum meliante que roubara alguma de suas galinhas.  Foi até o quarto ao lado chamar por Rafael, mas encontrou-o vazio, a cama arrumada, como se ninguém tivesse passado por lá.  Caminhou sozinho até a varanda e novamente avistou o estranho já alcançando a estrada, onde estacionava um pau de arara. Os cães aquietaram-se ao identificar a presença do dono, como se esperassem para ver sua reação aquela situação. Reconheceu no estranho Rafael, e correu uns passos a frente no quintal afim de que fosse visto pelo amigo, alcançá-lo e entender o que se passava, mas o viu embarcar no veículo que retomou o percurso ao longo da estrada.  Permaneceu parado alguns instantes, ainda tonto pelo sono, alarmado pelo susto, sem compreender o que se passara e porque o amigo fora embora sem nenhuma explicação, nenhum aviso ou despedida.  Conformou-se num nível dentro do possível e decidiu acordar Milu para juntos concluírem alguma explicação para a estranha atitude do inquilino.  Ao dar meia volta, notou a roseira plantada ao lado da casa pelo amigo, logo no dia de sua chegada, quando apareceu pedindo estadia e um pouco d’água.  A planta já estava enorme, e no seu ramo mais alto havia florescido uma enorme rosa branca, aberta por completo, tão madura que talvez desfolhasse ao mínimo sopro de vento mais agressivo.  Ao observar a rosa, uma estranha conformidade lhe tomou o coração, e sentiu enorme gratidão pelo amigo já distante.  Aquele que do nada apareceu e do nada partiu. Transformou-lhe a vida, e lhe preparou o coração para compreender um equilíbrio natural das coisas.  Rafael trouxe para sua casa toda a felicidade, e lá a deixou, de forma que pudesse ir embora sem levá-la consigo novamente.  Deixou a Rosa que determinou sua partida ao abrir-se por inteira e deixou a dor da saudade, como cota de equilíbrio para uma nova vida repleta de extrema felicidade."


Augusto C. de Lima

Verborragia da madrugada

Ser triste é ser ninguém
Sem capa pra atuar
Sem curva, sem tropeço
Sem anjos do avesso
Querer o que não há
Sem crime a cometer
Sem tudo pra perder
Platéia pra entreter
Bobagens pra postar.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

VILA DO INTERIOR

VILA DO INTERIOR
Augusto C. de Lima

Vila do interior
Não cabe sonho grande
Café quatro da manhã
Distante quanto quer que ande

Cachorro dormindo na porta
Casa com cheiro de sopa
Gente cuidando da horta
Poeira cobrindo a roupa

Vila do interior
Santo de pau na estante
Prece que cura a dor
Deus tão perto e tão distante

Gente em torno do fogo
Cachaça acendendo a prosa
Perfume mais forte que o outro
Pra quem sabe colher uma rosa

Vila do interior
Chá de mato cortante
Doce da veha de cor
- Senta aqui por um instante!

Parto no chão da cozinha
Eva nasce em outra cria
Costela aqui é espinha
Sua a roça no outro dia

Vila do interior
Estranho a chamar no portão
Copo d’água em boas vindas
- Põe mais água no feijão!

Paixão perdendo pra lida
Amor bonito se forma
Companheiro a toda vida
Sem escolha, assim se torna

Vila do interior
Nossa Senhora assim conserve
A beleza dessa dor
Pois assim ela me serve

Não permita que meus filhos
Por fraquesa ou por maldade
Torne impura nossa terra
Pra exercer sua vaidade

Vila do interior
Faz, meu Pai, lei desta prece
Do progresso que acontece

Deus me livre, meu Senhor

BATUCADA

BATUCADA
Augusto C. de Lima



Uma cantiga perdida
Um batuque logo acorda
Entra um santo na roda
Chega pra ir embora                                                                   

Batucada puxa a dança
Não se pensa em outro dia
Roda bem feito criança
Tropeça na própria mandinga

Ser humano que se cria
Grande mundo que se torna
Se faz pó ao fim do dança
E se transforma


O que fica é sentimento
Coisa fina que não chora
Não se ama por si mesmo
E na lama não se atola


O que se leva da dança
Não é saia que usou
Não é nome na estrada
Não é obra que deixou

O que vai é a cantiga
Da dança que se engraçou
Que maestra a batucada
 Do santo que a roda deixou

E tão logo se queda da roda
Vai o santo em outra brincar
A cantiga muda roda a fora
Entra outro a dançar no lugar

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

TEIMOSIA


Teimosia
Teimosia
Augusto C. de Lima

Encho um copo de Vontade
Uma pedra o faz transbordar
Uma Pedra chamada Saudade
Arrisca meu copo a quebrar

Cada gota que cai é uma dor
Essa poça no chão é maldade
Como pode se chamar amor
Se é mazela na verdade

Essa água demora a secar
Se é que seca de fato
Tanta água desagua em mar
Tamanho ingrato

Nuvem tanta que não passa
Não deixa o copo esvaziar

Essa chuva está pra tempestade
Cai pedra pra todo lugar
Cada vez eu que olho pro alto
Uma pedra se queda no mar

E se queda transborda a Vontade
E a dor volta a gotejar
Pedra aguda de saudade
Copo cheio está pra quebrar

E se quebra eu morro um instante
Dolorido esparramo meu mar
Pego um copo vazio na estante
E o torno a encher no lugar

ÁGATA

ÁGATA
Augusto C. de Lima

"QUE ALGUM DIA EU POSSA OFERECER AO MUNDO AMOR PURO COMO O SEU"

De noitinha vou pra casa
Ágata pula do colchão
Pressente eu vindo pela estrada
E vai me esperar no portão

Felicita minha chegada
Vai miando no caminho
Me contando sobre o dia
Exigindo seu colinho

Me obriga ir pra cozinha
Colocar sua ração
Se enroscando em meus pés
Me estabaca pelo chão

A comida cai primeiro
Ágata resolve lanchar
Esquece que seu cozinheiro
Também vai se esborrachar

Se esborracha o cozinheiro
Com as fuças na ração
Um macio travesseiro
Amortece o barrigão

O alivio é passageiro
E dou conta do ocorrido
Pois um gato esmagadinho
Dá um mio dolorido

Me levanto num só pulo
Boca cheia de ração
Fecho os olhos pra não ver
A sopa de gato no chão

Com vontade de chorar
Só escuto um barulhinho
Abro os olhos devagar
Pra encarar meu ex-bichinho

Não creio no que vejo
Olha que situação!
Ágata toda quebrada
Ainda comendo ração

O corpinho estendido
Pescocinho para o lado
A boquinha mastigando
O rabinho deformado

Corremos pro veterinário
A bichinha engessou toda
O rabinho consertado
A ração na sua boca

No retorno para casa
Ficamos com cara de tacho
A pancinha meio inchada
Quebrou o gesso de baixo

E não houve mais acidente
Foi achada a solução
Ágata põe capacete
Pra me esperar no portão

ÀS DUAS

às Duas
ÀS DUAS
Augusto C. de Lima

Esse desejo infernal
Incomodou meu coração
Eu que pensava amar demais
Não resisti a tentação
Ao furacão, a perdição
E nem tentei, Era demais
Nem que quisesse era capaz
Contaminou minha razão
Meu corpo inteiro e algo mais
Minha vergonha tanto faz
Não parecia estar errado
O beijo tão apaixonado
Um gosto novo, quase raro
Que com meu anjo não senti
jamais

E eu me arrasei
Me proibi, me discordei
Chorei na mesa e alertei
Causei pergunta e culpa, eu sei
Quase me delatei
Mas me foi tão bom
Que foi tão fácil a decisão
De convencer meu coração
Me permiti, me dividi
Feliz aqui, mulher ali
Você temeu e eu insisti
- Não jogue tudo para o ar!
Ponto de vista dita o que é acertar
ou errar
Conveniente assim julgar

E assim julguei
Era tão fácil acreditar
Sem rosto triste pra encarar
Eu recriei minha verdade
Para encontrar felicidade
Bastava um tanto de maldade
Se arrependi, agora é tarde
Já transmutei meu coração
E transferi minha emoção
Se for preciso eu sou perdão
Mas não me julgue amor
Por muito tempo fui
Solidão

Caro é ser rainha em belo lar
Café completo ao acordar
Ser mãe zelosa até às duas
Quando enfim sinto a casa nua
E me embaralho em várias ruas
Pra ser mulher nas coxas tuas
Sentir o corpo arder, queimar
Morrer um pouco ao te largar
Correr com hora pra chegar
Conter teu cheiro ao me lavar
Checar meu corpo a te encontrar
Botar a mesa do jantar

Voltar ao ato principal
Comer falando, coisa e tal
Contar um dia não real
Olhar nos olhos sem moral
Fumar no banco do quintal
Deitar no gelo de uma cama
Se violentar, fingir a trama
O que se faz por quem se ama...
Um beijo seco ao terminar
Dar boa noite e se virar
Dormir sem tempo pra pensar em sonhar

Bom é acordar, fazer a cama
Mandar a vida quem se ama
Tomar um chá e se sentar
Passar o dia a delirar
Gastar o tempo a se perder
Chegar às duas e encontrar
Você

Ser Esposa e ser Mulher
Sou Duas
Entre uma e outra está você
Às duas

CABAÇO

Cabaço
Cabaço
(O primeiro Samba de Alguém)
Augusto C. de Lima

Dizem que o samba é coisa de preto
E que foi branco quem criou
Mas o boato mais tosco que ouvi
Foi o de que o samba não tem cor

O samba não é preto e branco
É vivo e cheio de cor
Da cor da dor de quem canta
É arte pintada de amor

A Vida colore o que é vivo
Tudo o que é vivo tem cor
Tudo o que é vivo depende do outro e sofre por amor

O samba canta sentimento
E sentimento não é coisa de cor só
Sentimento é pintado de saudade
Tristeza, amor, felicidade...

O Branco é ausência da arte
O Preto é ausência da cor
O Samba não é Branco nem Preto, meu amor

O samba não tem raça
É linda mistura de cor
Cantado em qualquer praça
Sem pele, sotaque e pudor

A verdade é que o samba
Se pinta de dentro pra fora
Não importa a cor da pele
Todo mundo tem um peito
E é no peito que o samba mora

E não diga que um samba é seu
É do todo
Por se toca o coração de outro alguém
Não tem dono

Eu confio na vida e a vida tem cor e o samba tem vida, meu bem
Pois batuca o peito da gente
Dá sentido ao caminho de alguém

Só não diga que o samba é preto ou branco,
que é meu, seu, de mais ninguém
O samba é daquele que canta
E que pinta suas cores também

O Branco é ausência da arte
O Preto é ausência da cor
O Samba não é Branco nem Preto, meu amor.

HOMEM CARO EM CENTAVOS

Homem caro em centavos
Augusto C. de Lima

Acreditei
Que te faria ver que o seu melhor só começou
Depois de mim
Não é vaidade
Mas deu pra ver que o seu sorriso abriu demais quando eu cheguei
E é verdade

Na vida só o que resta é o que se tem de raro
É triste ferir um peito por obviedades
Tens pela frente a escolha única pela eternidade
Ou andar em círculos, ficar pelo caminho
Não preze o mais comum

Não se maltrate
Não julgue pelos erros o que você deva ser
Se reconheça
Amadureça
Perceba o belo dia em torno de você
Não deixe que anoiteça

Entendo que até hoje assistiu a vida sem cor
Sei que é mais seguro acreditar que tudo é besteira
Se é pra se proteger, não tenha medo
eu te acompanharia por essa  estrada inteira
Meu amor

OBEDIENTE

Obediente
Augusto C. de Lima

Não vou negar que havia esperança na verdade
Não vou dizer que nunca esperei por algo mais
Era improvável mesmo que varasse a eternidade
Agora vem o tempo
De seguir em paz

De certo eu achava que mudasse com o tempo
Não finjo que esperava ser soprado junto ao vento
Aguardei a noite inteira por algumas boas novas
Chegou o momento
De ir embora
Eu separei palavras bem pensadas para dizer
Eu sei que sempre foram preciosas pra você
É certo que o momento por si só vai se explicar
É triste sim
Mas vai passar

Seguindo dois caminhos nos cruzamos num atalho
Bebemos um do outro energia e coragem
A vida continua para eu e pra você
Cada um na sua estrada
Boa viajem

Não há amor no mundo que não faça florescer
Tão lindo, emocionante, impossível de esquecer
Crescemos como amigos, companheiros e amantes
A vida segue agora
Por novas chances

Queria amor pra sempre e  não a vida inteira
Se pensar, é diferente
Difícil de aceitar
Entendo que é a regra desse mundo pra girar
Repito o canto e sigo
obediente

BAHIA

BAHIA
Augusto C. de Lima

Caldeirão de tempero sem fundo
A Bahia dos Santos todos
Banha o pudor moribundo
Desperta as moças da alma
Ateia fogo no mundo

Quando queima em água morna
Não atende mais nome de padre
Só se chama por nome de guerra
Sem tirar do Espirito Santo
Dá aos padrinhos da terra

Frigideira de sal e areia
Não separa filhos seus
Branco e preto, então mulato
Com um ponto de seus guias
Resa a igreja de deus




Chuva, sol ou trovoada
Belo dia que se torna
Salve a Rainha do Mar
Brisa quente que devora
Corpo é pão nesse lugar

Ecumênica Panela
O dendê em tuas ruas
Arde o sopro em todas bocas
Frita o couro de quem rela
Torna o breve mais profundo

Ajoelho aos pés da areia:
Salve a negra da favela!
Salve a patria mãe gentil!
Que pariu essa panela
A Bahia do Brasil