segunda-feira, 30 de agosto de 2010

CABAÇO

Cabaço
Cabaço
(O primeiro Samba de Alguém)
Augusto C. de Lima

Dizem que o samba é coisa de preto
E que foi branco quem criou
Mas o boato mais tosco que ouvi
Foi o de que o samba não tem cor

O samba não é preto e branco
É vivo e cheio de cor
Da cor da dor de quem canta
É arte pintada de amor

A Vida colore o que é vivo
Tudo o que é vivo tem cor
Tudo o que é vivo depende do outro e sofre por amor

O samba canta sentimento
E sentimento não é coisa de cor só
Sentimento é pintado de saudade
Tristeza, amor, felicidade...

O Branco é ausência da arte
O Preto é ausência da cor
O Samba não é Branco nem Preto, meu amor

O samba não tem raça
É linda mistura de cor
Cantado em qualquer praça
Sem pele, sotaque e pudor

A verdade é que o samba
Se pinta de dentro pra fora
Não importa a cor da pele
Todo mundo tem um peito
E é no peito que o samba mora

E não diga que um samba é seu
É do todo
Por se toca o coração de outro alguém
Não tem dono

Eu confio na vida e a vida tem cor e o samba tem vida, meu bem
Pois batuca o peito da gente
Dá sentido ao caminho de alguém

Só não diga que o samba é preto ou branco,
que é meu, seu, de mais ninguém
O samba é daquele que canta
E que pinta suas cores também

O Branco é ausência da arte
O Preto é ausência da cor
O Samba não é Branco nem Preto, meu amor.

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