Cabaço
Cabaço
(O primeiro Samba de Alguém)
Augusto C. de Lima
(O primeiro Samba de Alguém)
Augusto C. de Lima
Dizem que o samba é coisa de preto
E que foi branco quem criou
Mas o boato mais tosco que ouvi
Foi o de que o samba não tem cor
O samba não é preto e branco
É vivo e cheio de cor
Da cor da dor de quem canta
É arte pintada de amor
A Vida colore o que é vivo
Tudo o que é vivo tem cor
Tudo o que é vivo depende do outro e sofre por amor
O samba canta sentimento
E sentimento não é coisa de cor só
Sentimento é pintado de saudade
Tristeza, amor, felicidade...
O Branco é ausência da arte
O Preto é ausência da cor
O Samba não é Branco nem Preto, meu amor
O samba não tem raça
É linda mistura de cor
Cantado em qualquer praça
Sem pele, sotaque e pudor
A verdade é que o samba
Se pinta de dentro pra fora
Não importa a cor da pele
Todo mundo tem um peito
E é no peito que o samba mora
E não diga que um samba é seu
É do todo
Por se toca o coração de outro alguém
Não tem dono
Eu confio na vida e a vida tem cor e o samba tem vida, meu bem
Pois batuca o peito da gente
Dá sentido ao caminho de alguém
Só não diga que o samba é preto ou branco,
que é meu, seu, de mais ninguém
O samba é daquele que canta
E que pinta suas cores também
O Branco é ausência da arte
O Preto é ausência da cor
O Samba não é Branco nem Preto, meu amor.
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