terça-feira, 5 de julho de 2011

Diálogos sobre as primaveras

"Caminhando dentre as roseiras, percebo teu olhar além das pétalas.  É tempo de uma nova lição.
Pergunto-te se poderia uma pedra de açucar adoçar todo um oceano.
Responde-me, meio a cantar, que depende da vontade dos olhos que carregam tal mar.
Discordo então de ti:
- Pensas como uma nuvem: cheia de tanto e cheia de nada.  Salvo pela febre que chamas amor, olhar algum, humano que esteja, carrega um oceano.  Porém, se aceitares teu cumplice como apenas um jarro d'água, darás então, a esta menor porção, algo do teu sabor, e serás diluído em parte, sem perder tua essência.
Queixaste-te então da dura medida do Céus ao moldar teu semelhante:
- Como é possível, ao mundo que sinto, caber num simples jarro d'água?
E te respondo:
- O jarro não é, só envolve.  Adorne flores, fitas, pinte a mão.  Enfeite-o como quiser.  Mas ao temperar sua água, faça-o em meticulosa proporção, ou poderás adoça-la mais ou menos do que a natureza desta pode suportar, ou ainda diluir-se por completo, perdendo-se n'outro mar. Mar de ilusão."

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