As vezes sou nada, as vezes sou mil
boa praça e cobra vil
alucino, perco a pose
ou me enterro a palmo doze
lido a banca do pior
detestável sou melhor
ou me entrego a nostalgia
e sou calma maresia
brisa fresca de verão
mas num sopro eu sou carvão
pondo em brasa a carne viva
de poeta viro diva
catapulto o sonho ao ar
pra mais tarde me quedar
de vermelho a tons pastéis
só aplaudem fãs fiéis
que já sabem a outra cena
finda o livro, vem cinema
de neblina a tempestade
ponho a fim qualquer vontade
deixo a gira ali brincar
ponho o santo em seu lugar
pra ao deitar fazer a prece
adulando, Deus esquece
da em sorte minha parte
e se ri da própria arte.
As vezes sou nada, as vezes sou mil
se a teu gosto é imperfeito
não culpe o pobre defeito
mas quem o pariu.
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