Dê me este Vulcão
Jorre o caldo a fervilhar
Desmembre corpo e coração
Dê-me o Fruto pra pecar
me entreter, me lambuzar
ao meu oco preencher
Dê-me já!
Dê-me o Totem generoso
pra desnudo idolatrar
Ser marcado a ferro e fogo
roubar tua alma ao sugar
Dê-me o mel destas entranhas
para as minhas inundar
Dê-me já!
Dê-me um raio a derreter
minha sombra ao penetrar
invadir, sair, voltar
clarear meu escuro ser
Dê-me o pão em salvação
dos teus restos, comido, dormido
rijo, então, assim será
Dê-me já!
Dê-me um traço a envolver
servir, sorver, absorver
E que o seja em linha reta
grossa, direta, ereta
Dê-me paz, ao inferno ter
entre as coxas,
e onde mais inferno há
Dê-me já!
Dê-me o pendão que afasta as pernas
do macho que em natureza o carrega
Dê-me o ouro e o guardião
Dê-me ao desejo razão
Quem criou-me o fez pra gostar
assim me veio e assim será
Se não por ti, então por Deus
Dê-me já!
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
sábado, 1 de outubro de 2011
De verdade
Eu não tenho cor, senão
rosa choque a me entregar
me maldizer, caluniar
dar-me as feras no jantar
dar-lhes algo em que se erguer
e se afirmar
Eu não tenho pele, então
só o pecado a me cercar
indecente por arder
beijar, bulir, trepar
Que faço então, meu Deus?
Me ater de amar?
Eu não tenho coração
só o diabo a palpitar
me guiando à contramão
na dança proibida
pra teimar não procriar
em existência descabida
Não existe palavrão
só viado, bicha, sapatão
todo lixo assim se chama
por quem os odeia, e por quem os "ama"
mas a graça aí está
Se crescer em humilhar
Eu não sou aberração
só um clichê a delirar
buscar normalidade e respeito
onde a moral diz que não há
serei então piada, alienação, pornografia
pra atender aos tolerantes
e a vã filosofia
Eu não tenho educação
sou um tolo a deslumbrar
alguma naturalidade
em todo ser e estar
meu discurso impertinente
incomoda só a quem mente
mas como eu
se sente
Eu não tenho inspiração
pra alongar este lamento
talvez nunca tenha tido
na angústia, apenas tento
expressar um sentimento
de quem vive em prisão
aos olhos dos outros
e do próprio coração
Assim faço por vontade
que se tenha algum dia
realmente liberdade
para ser o que se é
preconceito com a mentira
sem medo do ser
viver
de verdade
rosa choque a me entregar
me maldizer, caluniar
dar-me as feras no jantar
dar-lhes algo em que se erguer
e se afirmar
Eu não tenho pele, então
só o pecado a me cercar
indecente por arder
beijar, bulir, trepar
Que faço então, meu Deus?
Me ater de amar?
Eu não tenho coração
só o diabo a palpitar
me guiando à contramão
na dança proibida
pra teimar não procriar
em existência descabida
Não existe palavrão
só viado, bicha, sapatão
todo lixo assim se chama
por quem os odeia, e por quem os "ama"
mas a graça aí está
Se crescer em humilhar
Eu não sou aberração
só um clichê a delirar
buscar normalidade e respeito
onde a moral diz que não há
serei então piada, alienação, pornografia
pra atender aos tolerantes
e a vã filosofia
Eu não tenho educação
sou um tolo a deslumbrar
alguma naturalidade
em todo ser e estar
meu discurso impertinente
incomoda só a quem mente
mas como eu
se sente
Eu não tenho inspiração
pra alongar este lamento
talvez nunca tenha tido
na angústia, apenas tento
expressar um sentimento
de quem vive em prisão
aos olhos dos outros
e do próprio coração
Assim faço por vontade
que se tenha algum dia
realmente liberdade
para ser o que se é
preconceito com a mentira
sem medo do ser
viver
de verdade
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Seja (Venha ver o pôr do sol)
Venha ver o pôr do sol
Supere a dor de apenas ser
Procurar nas nuvens Deus
e enxergar você
Venha ser o pôr do sol
Despertar ao anoitecer
Ver-se no escuro a dourar
Dar ao tempo algo a ser
Vem sentir o pôr do sol
Ter prazer em se exercer
Vista as cores sem fingir
ao nascer, ao perecer
Eternize o pôr do sol
nesta flor que o peito ama
proteja-o na noite adultera
cure a dor de quem aflito lhe chama
Entregue-se ao pôr do sol
e cessará minhas dores
Deixe a luz expôr desnudos
Raiz, espinhos e flores
Venha ver o pôr do sol
que é lindo a todos olhos
pois só é, e não se nega
Um peixe que come sem medo do anzol
Venha ser o pôr do sol
Supere a dor de apenas ser
Procurar nas nuvens Deus
e enxergar você
Venha ser o pôr do sol
Despertar ao anoitecer
Ver-se no escuro a dourar
Dar ao tempo algo a ser
Vem sentir o pôr do sol
Ter prazer em se exercer
Vista as cores sem fingir
ao nascer, ao perecer
Eternize o pôr do sol
nesta flor que o peito ama
proteja-o na noite adultera
cure a dor de quem aflito lhe chama
Entregue-se ao pôr do sol
e cessará minhas dores
Deixe a luz expôr desnudos
Raiz, espinhos e flores
Venha ver o pôr do sol
que é lindo a todos olhos
pois só é, e não se nega
Um peixe que come sem medo do anzol
Venha ser o pôr do sol
domingo, 10 de julho de 2011
Malandro
MALANDRO
Augusto C. de Lima
Não quero ouvir
Me deixe dormir, por favor
Se eu te entrego um conto inventado
Finja que crê e eu te finjo
Amor
Não vou ouvir
Salvo o silencio do meu cobertor
Sono de bom malandro é treinado
Pra ignorar o lamento e a dor
Amanhã talvez
Lá pras tentas quando eu levantar
Te libero um conselho pra dar
Janto o texto e te faço um favor
Te dou razão
Dou migalhas de mim em troca de perdão
Faço tal como fosse arrasado
Pra amanhã retornar pro meu colchão
Não vou parar
Pode inundar a favela, nem ligo
Puro castigo por querer tentar
Duelar seus desejos comigo
Não leve a mal
Sou pequeno demais pra sua pretensão
Sou humano demais pra sua doce ilusão
Veste seu fardo e me espera no portão
Pois ao chegar
Pela negra madrugada enfim
Vou lhe entregar
O tão pouco de melhor em mim
Não chamo amor
Mas o que é que se sente e se sabe?
Pois no fim desta noite, é verdade
Volto pra onde me espera a solidão
Só não me peça, então, sinceridade
Realidade faz só mesmo é ferir
Sentimento algum é livre de vaidade
Entre dizer a verdade e mentir
Há um mundo de possibilidade
Termino assim
Embalado por pranto em sono enfim
Tão certo que
Não existe vitima e algoz
Pois um se alimenta do outro
E da própria doença
Sou nego de raça, bicho solto
E não há corrente que vença
Malandro...
terça-feira, 5 de julho de 2011
Diálogos sobre as primaveras
"Caminhando dentre as roseiras, percebo teu olhar além das pétalas. É tempo de uma nova lição.
Pergunto-te se poderia uma pedra de açucar adoçar todo um oceano.
Responde-me, meio a cantar, que depende da vontade dos olhos que carregam tal mar.
Discordo então de ti:
- Pensas como uma nuvem: cheia de tanto e cheia de nada. Salvo pela febre que chamas amor, olhar algum, humano que esteja, carrega um oceano. Porém, se aceitares teu cumplice como apenas um jarro d'água, darás então, a esta menor porção, algo do teu sabor, e serás diluído em parte, sem perder tua essência.
Queixaste-te então da dura medida do Céus ao moldar teu semelhante:
- Como é possível, ao mundo que sinto, caber num simples jarro d'água?
E te respondo:
- O jarro não é, só envolve. Adorne flores, fitas, pinte a mão. Enfeite-o como quiser. Mas ao temperar sua água, faça-o em meticulosa proporção, ou poderás adoça-la mais ou menos do que a natureza desta pode suportar, ou ainda diluir-se por completo, perdendo-se n'outro mar. Mar de ilusão."
Pergunto-te se poderia uma pedra de açucar adoçar todo um oceano.
Responde-me, meio a cantar, que depende da vontade dos olhos que carregam tal mar.
Discordo então de ti:
- Pensas como uma nuvem: cheia de tanto e cheia de nada. Salvo pela febre que chamas amor, olhar algum, humano que esteja, carrega um oceano. Porém, se aceitares teu cumplice como apenas um jarro d'água, darás então, a esta menor porção, algo do teu sabor, e serás diluído em parte, sem perder tua essência.
Queixaste-te então da dura medida do Céus ao moldar teu semelhante:
- Como é possível, ao mundo que sinto, caber num simples jarro d'água?
E te respondo:
- O jarro não é, só envolve. Adorne flores, fitas, pinte a mão. Enfeite-o como quiser. Mas ao temperar sua água, faça-o em meticulosa proporção, ou poderás adoça-la mais ou menos do que a natureza desta pode suportar, ou ainda diluir-se por completo, perdendo-se n'outro mar. Mar de ilusão."
domingo, 29 de maio de 2011
Mil
As vezes sou nada, as vezes sou mil
boa praça e cobra vil
alucino, perco a pose
ou me enterro a palmo doze
lido a banca do pior
detestável sou melhor
ou me entrego a nostalgia
e sou calma maresia
brisa fresca de verão
mas num sopro eu sou carvão
pondo em brasa a carne viva
de poeta viro diva
catapulto o sonho ao ar
pra mais tarde me quedar
de vermelho a tons pastéis
só aplaudem fãs fiéis
que já sabem a outra cena
finda o livro, vem cinema
de neblina a tempestade
ponho a fim qualquer vontade
deixo a gira ali brincar
ponho o santo em seu lugar
pra ao deitar fazer a prece
adulando, Deus esquece
da em sorte minha parte
e se ri da própria arte.
As vezes sou nada, as vezes sou mil
se a teu gosto é imperfeito
não culpe o pobre defeito
mas quem o pariu.
boa praça e cobra vil
alucino, perco a pose
ou me enterro a palmo doze
lido a banca do pior
detestável sou melhor
ou me entrego a nostalgia
e sou calma maresia
brisa fresca de verão
mas num sopro eu sou carvão
pondo em brasa a carne viva
de poeta viro diva
catapulto o sonho ao ar
pra mais tarde me quedar
de vermelho a tons pastéis
só aplaudem fãs fiéis
que já sabem a outra cena
finda o livro, vem cinema
de neblina a tempestade
ponho a fim qualquer vontade
deixo a gira ali brincar
ponho o santo em seu lugar
pra ao deitar fazer a prece
adulando, Deus esquece
da em sorte minha parte
e se ri da própria arte.
As vezes sou nada, as vezes sou mil
se a teu gosto é imperfeito
não culpe o pobre defeito
mas quem o pariu.
7,8,9
Hoje não há ressonar
o sonho é demais esperado
que nem deixa o olho fechar
o ranger desesperado
da cama ao meu corpo dançar
procurando, lado a lado
meu sono que há de chegar
Caso fosse o sonho acordado
mas provável de concretizar
preferia ao sonho dormido
que dissolve ao despertar
e se acaba a cada aurora
sem promessa de continuar
dando gosto ao meu peito
de dormir pra não mais levantar
Neste caso pago o preço
das olheiras ao dia raiar
pra não ter pela metade
mais um sonho a desejar
por mais tolo que o seja
vale a noite mal dormida
pois sonhar o improvável
e vive-lo
é o prazer maior da vida
o sonho é demais esperado
que nem deixa o olho fechar
o ranger desesperado
da cama ao meu corpo dançar
procurando, lado a lado
meu sono que há de chegar
Caso fosse o sonho acordado
mas provável de concretizar
preferia ao sonho dormido
que dissolve ao despertar
e se acaba a cada aurora
sem promessa de continuar
dando gosto ao meu peito
de dormir pra não mais levantar
Neste caso pago o preço
das olheiras ao dia raiar
pra não ter pela metade
mais um sonho a desejar
por mais tolo que o seja
vale a noite mal dormida
pois sonhar o improvável
e vive-lo
é o prazer maior da vida
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Sonho bom
Chega de mentir pra quem
não vê coisa boa em ninguém
e vive a pior intensão
de ter vida alheia na mão
Eu vou tentar meu sonho bom
mesmo que na contramão
com a única certeza de não desatar
o único nó onde eu queria estar
abrindo em protestos meu peito
vivendo meu plano imperfeito
Ser feliz, pra variar
só pra contrariar!
não vê coisa boa em ninguém
e vive a pior intensão
de ter vida alheia na mão
Eu vou tentar meu sonho bom
mesmo que na contramão
com a única certeza de não desatar
o único nó onde eu queria estar
abrindo em protestos meu peito
vivendo meu plano imperfeito
Ser feliz, pra variar
só pra contrariar!
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Ser ou não ser
Ser ou não ser?
Eis solidão
É retórica e não questão
Quem é se sabe
Mas diz que não
Eis solidão
É retórica e não questão
Quem é se sabe
Mas diz que não
Ser ou não ser
na contra mão?
Colide o carro a frente
Não há perdão
Pra quem é diferente
Não há razão
É luxo de quem sente
a vida feito gente
Ser ou não ser
meia verdade?
Trair o corpo em nome da normalidade
Romper a fenda livre
Negar o não
Cumprir dignamente o meu papel de cão
Dizer que não enxergo o que queria ver
Mentir não é errado pra se proteger
Espero que o teatro leve a algum lugar
Ainda que não seja onde eu queria estar
Só pra respirar...
Ser ou não ser?
Se deus não se preocupa
Se rouba, se mata, se agride, se estupra
A ele só interessa o que se faz e ninguém vê
Que viva o que se espera e deixe de querer
Pois é sacrificando que se anula toda a culpa
Quem sente diferente não cabe neste céu
Apenas quem se encaixa num pedaço de papel
Ser ou não ser?
Quisera Pai supremo um dia ter
Ao menos um instante pra escolher
Ser
ou não ser
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