Minha Natureza
Augusto C. de Lima
Romântico parece
Beijar a flor
A existência graciosa
virginal, pura, angelical
Mas só o caule me agrada
Que ergue, sustenta e alimenta
Mesmo escondida a nobreza
Basta-me tê-lo em vista
E embebedar de sua seiva
Equilibrar-me tal a flor
Sendo caule, então, também
Recriar minha natureza
Estética imperfeita
Separar beleza e dor
Uma, a outra não complementa
Chocar por ser verdadeiro
Enfeiar-me por amor
Mostrar-me por inteiro
Vontade, verdade, prazer
Ao criador obedecer
Se exercer, qual seja o nome
Aberração, pecado, contramão
Mas natural por natureza
Saciado ei de ser
Negando então meu beijo a flor
Sem gosto, sem sal, sem calor
Beleza que morre ao final da estação
Só o caule fica então
Humilhado por querer
N’outro caule florescer
Sendo caule, então, também
Recriarei minha natureza
Estética imperfeita
Separarei beleza e dor
Uma, a outra não complementa
Chocarei por ser verdadeiro
Burlarei todos teus cristos
farei por amor
a minha natureza
a minha natureza
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