sábado, 15 de dezembro de 2012

A quem cabe



Que dor é ser
Água em taça de vinho
Quando um tolo a lhe sorver
Se engana e cospe-te fora
Como se fosse lixo
Como se fosse espinho

Que frieza é deter
um fardo bloqueando o caminho
Que a natureza errou ao fazer
e afasta todo o amor
Meu algoz é meu
Meu algoz sou eu



A quem cabe dar o afeto que me cabe?
Alguém como eu
Um corpo que invade
Que cabe no meu

A quem cabe enxergar-me como quero?
Contrário de eu
Um corpo que cabe
Certinho no meu

E o amor eu peço em segredo
A paz no que eu quero fazer
E ao amor eu peço em segredo
Dê luz ao que eu vim a ser

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Minha Natureza

Minha Natureza
Augusto C. de Lima

Romântico parece
Beijar a flor
A existência graciosa
virginal, pura, angelical
Mas só o caule me agrada
Que ergue, sustenta e alimenta
Mesmo escondida a nobreza
Basta-me tê-lo em vista
E embebedar de sua seiva
Equilibrar-me tal a flor

Sendo caule, então, também
Recriar minha natureza
Estética imperfeita
Separar beleza e dor
Uma, a outra não complementa
Chocar por ser verdadeiro
Enfeiar-me por amor

Mostrar-me por inteiro
Vontade, verdade, prazer
Ao criador obedecer
Se exercer, qual seja o nome
Aberração, pecado, contramão

Mas natural por natureza
Saciado ei de ser
Negando então meu beijo a flor
Sem gosto, sem sal, sem calor
Beleza que morre ao final da estação
Só o caule fica então
Humilhado por querer
N’outro caule florescer

Sendo caule, então, também
Recriarei minha natureza
Estética imperfeita
Separarei beleza e dor
Uma, a outra não complementa
Chocarei por ser verdadeiro
Burlarei todos teus cristos
farei por amor
a minha natureza

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Curto e Grosso

Reivindico a utopia de ser como você
Poder olhar,por poder ver
Sentir, sondar, conhecer
arriscar prazer.
Se não te atrai o mesmo lado
Lisonjeado deve ser
Mas se o teu lazer, de mim, te deixar chateado
Aconselho-te então,
Vá se fuder.