domingo, 29 de maio de 2011

Mil

As vezes sou nada, as vezes sou mil
boa praça e cobra vil
alucino, perco a pose
ou me enterro a palmo doze
lido a banca do pior
detestável sou melhor
ou me entrego a nostalgia
e sou calma maresia
brisa fresca de verão
mas num sopro eu sou carvão
pondo em brasa a carne viva
de poeta viro diva
catapulto o sonho ao ar
pra mais tarde me quedar
de vermelho a tons pastéis
só aplaudem fãs fiéis
que já sabem a outra cena
finda o livro, vem cinema
de neblina a tempestade
ponho a fim qualquer vontade
deixo a gira ali brincar
ponho o santo em seu lugar
pra ao deitar fazer a prece
adulando, Deus esquece
da em sorte minha parte
e se ri da própria arte.
As vezes sou nada, as vezes sou mil
se a teu gosto é imperfeito
não culpe o pobre defeito
mas quem o pariu.

7,8,9

Hoje não há ressonar
o sonho é demais esperado
que nem deixa o olho fechar
o ranger desesperado
da cama ao meu corpo dançar
procurando, lado a lado
meu sono que há de chegar

Caso fosse o sonho acordado
mas provável de concretizar
preferia ao sonho dormido
que dissolve ao despertar
e se acaba a cada aurora
sem promessa de continuar
dando gosto ao meu peito
de dormir pra não mais levantar

Neste caso pago o preço
das olheiras ao dia raiar
pra não ter pela metade
mais um sonho a desejar
por mais tolo que o seja
vale a noite mal dormida
pois sonhar o improvável
e vive-lo
é o prazer maior da vida

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sonho bom

Chega de mentir pra quem
não vê coisa boa em ninguém
e vive a pior intensão
de ter vida alheia na mão
Eu vou tentar meu sonho bom
mesmo que na contramão
com a única certeza de não desatar
o único nó onde eu queria estar
abrindo em protestos meu peito
vivendo meu plano imperfeito
Ser feliz, pra variar
só pra contrariar!