DESCANSE EM PAZ
Augusto Lima
Que triste ser, meu amigo
Sentir e se esconder
O pecado lhe atormenta
E lhe alimenta
Que triste ser...
Você
Gostaria de poder lhe dizer
O quanto é comum se exercer
Mas tua semente foi plantar
Sem querer
sem amar
eis então a tua paz
que não quer ter
Que dura pena, amigo meu
Ter o corpo a contramão
E o padrão a lhe ditar
Teu par ao se deitar
Que triste ser
É não ser.
Quem é você?
Sem violão
Sem filho, sem tatame
Sem redenção?
Não se atormente, mestre querido
Seu disfarce se mantém
Só por mim foi percebido
Seu outro alguém
Você me abriu as janelas
Num rompante de coragem
Mas não pôde ir além
O medo, a culpa, o receio
Lhe tem.
Te absolvo então, meu amigo
Da angústia pelo olhar do outro
Pela minha ausência, agora constante,
Lhe concedo o frigido conforto.
E no paraíso estará
Sem o diabo a lhe testar
E este torto a lhe deixar
O fará em linha certa
Pois meu portão escancarado é demais
Para sua janela entreaberta.